O Sexo que Vendem e o Prazer que Sentimos
- Christiane Costa - Radha
- 29 de mar.
- 2 min de leitura

Acho que nunca se falou tanto sobre sexo como nos tempos atuais. Nos últimos anos, vimos um crescimento exponencial em tudo o que se refere às práticas sexuais. Podemos citar o fácil acesso à pornografia por meio das diversas mídias, redes sociais, plataformas de conteúdo adulto e aplicativos, além do crescente mercado erótico, que oferece uma gama cada vez maior de produtos.
Mas será que isso significa que estamos transando mais? E, se estamos, quer dizer que estamos tendo mais satisfação?
Todas essas possibilidades podem dar a impressão de uma certa sofisticação sexual, como se fôssemos pessoas mais conscientes e donas do próprio prazer. No entanto, na minha opinião (que ninguém pediu), essa abundância pode, na verdade, funcionar como uma forma de mascarar angústias, o medo da solidão e a insegurança de não ser "bom o suficiente".
Por trás de uma imagem cuidadosamente construída, podem estar pensamentos como: "se eu não me envolvo, não me decepciono.", "se eu deixar primeiro, não serei deixado.", "se me mostrar indisponível, faço aumentar o meu valor."
E assim seguimos, com defesas bem estruturadas, que nos afastam do aprofundamento das emoções. Sustentando o discurso de que estamos fazendo o que bem queremos com nosso corpo, muitas vezes não percebemos que apenas repetimos modelos sexuais definidos por uma cultura em que a superficialidade e a aparência valem mais do que as experiências autênticas.
Cada um sabe de si quando a cabeça bate no travesseiro.
O sexo tem camadas que vão muito além do ato em si. Há a erotização do conteúdo, a forma como elaboramos e percebemos nossa sexualidade, o que escolhemos fazer (ou deixar de fazer) e até como nos relacionamos com o desejo. Será que estamos realmente conscientes do nosso desejo e da nossa satisfação? Ou estamos apenas moldando nossa vivência para caber em um ideal que queremos projetar aos outros?
Tentar se encaixar em padrões externos preestabelecidos inevitavelmente nos afasta da verdade do nosso próprio corpo. A libido é uma energia poderosa, que pode se manifestar de diversas formas—no desejo sexual pelo outro, no prazer consigo mesmo, no trabalho ou em qualquer outra área da vida que desperte nossa vontade genuína.
Quando entendemos isso, talvez possamos viver a sexualidade de forma mais autêntica, sem a necessidade de provar nada a ninguém.
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