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Da Repressão a Exaustão: e o meu corpo?

A Análise Bioenergética nasceu nos Estados Unidos, entre as décadas de 1950 e 1970, em meio ao movimento da contracultura, quando a sociedade americana começou a questionar a rigidez moral e os costumes estabelecidos.


Seu criador, Alexander Lowen, propôs uma ideia de unidade funcional entre corpo e mente, propondo que as tensões físicas refletiam bloqueios emocionais e sociais.


No Brasil, esse movimento chegou na década de 1970, trazido por psicólogos e psiquiatras que buscavam, por meio da expressão corporal, uma forma de resistência cultural e de promoção do bem-estar. Vale lembrar que o país vivia sob a ditadura militar; um período marcado pela repressão política, social e cultural.


A psicoterapia corporal surge, nesse contexto, como uma possibilidade segura de experimentação e liberação emocional, favorecendo processos de catarse.


No entanto, se antes o desafio era lidar com a repressão de desejos, emoções e da própria expressão corporal, hoje o cenário é outro. Vivemos em uma sociedade que não se organiza mais pela repressão, mas pela exaustão.


Essa mudança de paradigma nos convida a uma reflexão sobre o papel das práticas corporais e terapêuticas.


A Bioenergética, que nasceu como resposta à repressão, pode hoje ser um caminho ajudando a recuperar vitalidade, presença e integração entre corpo e mente em uma sociedade que nos fragmenta.


Diante de tantas exigências de desempenho, produtividade e de uma positividade (que pode ser tóxica), o indivíduo acaba se desconectando do seu próprio ritmo. Há um apelo constante para buscar a nossa melhor versão, aumentar a performance, inclusive a sexual (sim, porque corpos cansados precisam ter a energia de corpos transantes!), e ter o corpo perfeito, sabe-se lá a que preço. E por aí vai.


Estamos perdendo a capacidade de integrar o cotidiano de forma orgânica, respeitando limites e permitindo a autorregulação. O resultado é um corpo exausto, cansado, mal dormido, sem energia para as tarefas básicas, reservando o pouco que resta apenas para o trabalho e a sobrevivência. Por isso, há tantas pessoas doentes e medicalizadas.


E não vamos nos esquecer de que estamos sempre conectados, seja para o trabalho ou usando as redes sociais. A tecnologia, como extensão do corpo, acaba por impor a esse mesmo corpo o ritmo da máquina, a velocidade da informação.


Como é possível nos conectarmos ao corpo, se a energia está toda na mente?Se o que valorizamos está atrás de uma tela?


Perdemos o prazer no ócio. Perdemos a graça na contemplação.


Ter tempo para si mesmo, e a diversão da integração com a natureza, tornou-se um luxo. Agora é algo que precisa ser ensinado; como se o natural tivesse se tornado um produto.


Esse tema tem muitas camadas e a minha intenção foi deixar uma provocação sobre a maneira como estamos vivendo.


Se ressoou em você, não se desespere. Apenas comece ouvindo o que o seu corpo tem a dizer.


 
 
 

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